'Galáxias fantasmas' podem estar escondidas perto da Via Láctea, dizem cientistas; entenda
11/07/2025
(Foto: Reprodução) Novo estudo sugere que até 100 galáxias muito fracas giram em torno da nossa, mas ainda não conseguimos enxergá-las. Representação gráfica de nossa galáxia, a Via Láctea, que é organizada em braçios espirais formados por estrelas gigantes que iluminam os gases e poeiras interestelares.
NASA/JPL-Caltech
Cientistas anunciaram nesta sexta-feira (11) que a Via Láctea pode ter muito mais vizinhas do que se era esperado.
Um novo estudo, apresentado por astrônomos da Universidade de Durham, no Reino Unido, sugere que até 100 pequenas galáxias (tão apagadas que ainda não conseguimos ver) estão orbitando a nossa própria galáxia, mas passam despercebidas pelos telescópios aqui da Terra e do espaço.
O achado foi anunciado durante um congresso da Royal Astronomical Society, uma sociedade científica e beneficente dedicada ao avanço do estudo da astronomia.
No estudo, os pesquisadores usaram supercomputadores e novos modelos matemáticos para prever a existência dessas galáxias quase invisíveis.
Ainda segundo os cientistas, esses objetos seriam versões em miniatura das galáxias que conhecemos, mas teriam perdido boa parte da matéria escura, uma substância invisível que ajuda a manter as galáxias unidas, por causa da força gravitacional da própria Via Láctea.
📌 ENTENDA: Essas galáxias perderam boa parte da sua matéria escura porque foram “puxadas” pela gravidade da Via Láctea. Sem essa “estrutura” que as segura, elas ficaram pequenas, fracas e quase não emitem luz. Justamente por isso elas são difíceis de ver, como “galáxias fantasmas”.
“Sabemos que a Via Láctea tem cerca de 60 galáxias-satélites confirmadas, mas acreditamos que há dezenas de outras, extremamente fracas, girando ao seu redor”, disse Isabel Santos-Santos, do Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham, em um comunicado.
“Se nossas previsões estiverem corretas, elas reforçam a teoria chamada Lambda-CDM, que explica como o universo evoluiu e como as galáxias se formam", acrescentou.
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Segundo essa teoria, a maior parte do universo é feita de matéria e energia escuras — coisas que não conseguimos ver, mas que exercem influência sobre tudo. Só 5% do universo seria formado por matéria "normal", como planetas, estrelas, gás e poeira.
Nesse cenário, a maioria das galáxias são anãs e orbitam galáxias maiores, como a nossa. Mas, até hoje, as observações não batiam com as previsões: os cientistas esperavam encontrar muito mais dessas galáxias-satélites por perto.
E é aí que entra o novo estudo. Ele mostra que essas galáxias fantasmas devem existir, mas são tão apagadas que escapam das simulações e dos equipamentos usados até agora.
Ou seja: elas deviam estar ali o tempo todo, só faltava a gente conseguir enxergar.
Agora, os cientistas esperam que novos telescópios, como o do Observatório Rubin (nos Estados Unidos), consigam finalmente capturar essas galáxias e confirmar a previsão.
Simulação mostra a matéria escura ao redor da Via Láctea (no centro), com várias estruturas menores previstas pelo modelo de matéria escura fria. Alguns desses pontos, marcados com um “x”, indicam galáxias satélites que podem ser observadas.
Simulação Aquarius, Virgo Consortium/Dr. Mark Lovell
A câmera usada no local já registrou inclusive sua primeira imagem do céu, um passo importante que pode abrir caminho para descobertas de outras galáxias do tipo.
“Um dia desses, talvez a gente consiga ver essas galáxias ‘desaparecidas’, o que seria muito empolgante e pode nos ajudar a entender como o Universo chegou ao que é hoje”, completou Santos-Santos.
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